No Dia Mundial do Meio Ambiente fica o alerta: ‘Brasileiro não sabe reciclar roupas’ 445f70
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De acordo com presidente da ONG Rede Caixa Solidária falta de informação e interesse faz com que 80% dos resíduos têxteis vá para aterros sanitários

Hoje comemora-se o Dia Mundial do Meio Ambiente, porém o Brasil não está em festa, segundo Paulo César Vargas, Presidente da Rede Caixa Solidária Brasil. A ONG que já ajudou mais de 500 mil pessoas de forma direta e indireta promove a distribuição de caixas inteligentes para coletas de roupas em cinco estados brasileiros sobrevive há 15 anos por investimento privado.
“As pessoas já aprenderam que doar é o caminho e depois da pandemia estão mais solidárias, mas é preciso doar no lugar certo. Uma peça de roupa que contém por exemplo, poliéster, é como se fosse um plástico, vai demorar anos para entrar em decomposição no meio ambiente. Se o brasileiro aprender a doar, irá ajudar o ecossistema além de rentabilizar a economia, já que estamos falando de uma cadeia que gera empregos”, alerta Paulo, que além da presidência da entidade é mestrando em Desenvolvimento Sustentável e Economia Criativa na PUC.
Segundo uma pesquisa do Instituto Modefica, quase 9 bilhões de novas peças são produzidas por ano no país e, ainda, segundo um levantamento do Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas) são geradas 170 mil toneladas de resíduos têxteis anualmente, ou seja, cerca de 80% dos resíduos têxteis descartados no Brasil vão para aterros sanitários. “O brasileiro não sabe reciclar roupa e isso é um problema que vai nos prejudicar em um futuro breve e não só a nós, como o planeta. Em um país em que apenas 20% do material têxtil é reciclável, segundo dados do Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas), o ativismo é necessário, mas ainda se faz tímido diante de tantos desafios”.
Peças geram empregos que se transformam em oportunidade 5n1o2f
A economia circular está na moda, mas precisa ser mais divulgada e, principalmente executada. Atualmente, o projeto Rede Caixa Solidária conta com 1100 unidades espalhadas shoppings, supermercados, locais públicos e empresas. “Diariamente viabilizamos conexões com instituições que tenham a sustentabilidade como missão e propósito e desde 2020 contamos com parceria com a internacional e respeitada instituição Exército da Salvação que enxerga e apoia nosso propósito”, conta Paulo.
De acordo com dados do especialista, a ONG não apenas destina de forma correta as peças doadas, como também promove empregos e economia circular gerando oportunidades, já que eles possuem estrutura própria com centros de triagem do material doado. “Hoje podemos dar destino a todo tipo de resíduo: há empresas no Brasil que compram tudo que é de couro, há empresas que compram tudo que é lixo para prensar e fazer mantas para construção, empresas de roupas que compram peças e distribuem para brechós do país inteiro, ou seja, hoje, com o Projeto Caixa Solidária até índios da Amazônia recebem roupas do Sul do país”, explica.
Josiane Martinez, relações públicas do Exército da Salvação, conta que a organização está presente em diversos supermercados parceiros, por exemplo, dentre outros comércios e locais públicos e, assim, forma uma rede de arrecadação de roupas única e confiável. “É importante tanto para o sustento do trabalho social da instituição, como para a promoção de atitudes ecológicas, como a reciclagem e o reuso”, ressalta.
Para o presidente, ainda falta muito para comemorar a data no país. “Falta interesse da população, falta iniciativa de empresas, falta apoio governamental, falta consciência e, principalmente, falta vergonha na cara, de muita gente. Muitas marcas se dizem sustentáveis, mas entendo que o empresário hoje também faz o que pode. Infelizmente, inda não temos uma lei clara em relação à logística reversa, que é algo muito caro. Então, é preciso fazer ações pontuais, que, muitas vezes, ou seja, quase sempre, não podem contar nem com o apoio da mídia porque o brasileiro tem mania de só se preocupar com algo quando o caos já está instalado”. Ainda, de acordo com pesquisas, 50% dos brasileiros nunca ouviram falar de reciclagem de roupas, ou seja, a falta de informação é um dos principais inimigos da ação.
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